Silêncio


Silencio...
Parece ser tudo que resta aqui para mim
Silencio...
Sozinho, negro e frio
No meu reino de gelo
Acorrentado a um demónio dentro de mim...
O anjo silencioso embate contra o seu céu em trevas
Ao perder o brilho das suas estrelas...
Caos.. parece ser tudo o que sinto no que toco
Sozinho uma vez mais
Nos meus sonhos quebrados
Sozinho uma vez mais
De asas partidas...
A chuva cai sobre os meus ombros
Já nem a sinto a queimar-me como antes
Pois a dor não doi
Quando é isso que sentimos toda a vida...
Os meus olhos negros agora espreitam
Pelos cabelos caidos e molhados
O vento tenta pateticamente arrasta-los
Mas so traz mais frio...
Olhos negros
Na rosa que deixa cair petala a petala
Pena a pena
Gota de sangue a gota
Assim vao caindo
Lentamente
E a chuva leva tudo consigo
Ao encontro das cinzas deste reino...
Foi ali...
Ainda as vejo como s fosse agora mesmo
Ali estavam
Os nossos passos de dança
Nas cinzas marcadas
Sobre um lago congelado
Com o sangue que os deuses choraram de raiva
Apenas porque me invejavam...
Foi ali onde dançamos
Foi ali que a lua final parou os nossos coraçoes
Foi ali que te vi a ultima vez...
Protegi-te
Levei-te comigo
Trouxe-te ali onde mais ninguem podia entrar
Onde mais ninguem me podia vencer
Onde eu permanecia sozinho...
Eles amaldiçoaram-me por varias vezes
Por te tirar deles mesmos...
Mas sera que eles nao sabem
Eles nao teem o direito de me tirar o teu sorriso
Aquilo que quebrou o gelo
Aquilo que brilhou em tantos quilometros de escuridao...
Meu anjo negro
Minha princesa…
É tao frustante ver-te deslizar de mim
Porque tentas tu fugir de mim querida
Sera que nao sabes?
Ninguem sai deste meu reino vivo...
Mas tu sorristes para mim...
Ainda me lembro como se tu aqui mesmo tivesses
Perante mim
Debaixo do luar que me mataria...
Ainda assim tu mantivestes-me vivo
Nos teus lábios venenosos...
Tempo
Diz-m de que serve quando tudo o que queriamos
Era que parasse?
Sera pedir muito?
Parar o tempo
E dançar so mais uma vez
Naquele lago congelado
Nesta noite fria
Ond os nossos passos ainda nas cinzas estao marcados...
Eu reconheço as tuas cicatrizes
Tambem eu as tenho
As minhas estao apenas todas abertas...
O simbolo que nos uniu
Na minha mao cravado
Ainda brilha ardentemente
Os meus labios frios falam
O que os meus olhos negros lêem nas palavras
Cravadas no meu coraçao feito de sombras...
Ali sobre a luz do luar assassino
Fecho os olhos negros
Aqueles que foste tu das poucas pessoas a nao temer olhar...
Os anjos voam em cima do meu reino de gelo e trevas
Tal como sempre quis...
Mas esta noite nenhum se aperceberia
Que as minhas lagrimas no meio da tempestade
Diriam que estava a chorar...
O meu ultimo lamento...
Uma parte de mim morrera no teu ultimo suspiro
Pois tu poderias ser apenas alguem para este mundo
Mas um mundo para alguem...
O meu ultimo lamento
Pela rosa que se desfaz
Aquela que colhi um dia pra ti...
Longe se foram os dias em que sorrias
So de ouvir o meu nome...
Talvez nunca o saibas..
Mas tambem os meus labios congelados
Sorriam
Ao ver-te ao longe...
Os meus olhos negros hoje fecham-se
Deitando-me no sono das trevas
Apenas uma vez mais...
Foi uma pena...
Quando voltas tu minha princesa?
Eu nao sei...
Mas ficarei por perto
A espera...
Naqueles recantos que temes olhar
Naquelas sombras que te perseguem sem te aperceberes
Naquelas folhas onde pensas ter vislumbrado algo
Naquele silencio em que o teu esquecimento me envolveu...
Ate la..
A chuva vai cair e limpar o meu sangue e lagrimas
Ate la...
Quero segurar a ultima petala que resta...
Pelo menos so para me lembrar
Como juntos sorrimos...
Todos nos cometemos erros
Uns sao pequenos
Outros sao grandes
Mas o meu erro condenou-me desde ha muito tempo
Foste apenas mais alguem que teve de o partilhar...
Tu.....
A unica coisaa certa
Em tudo o que fiz de errado...
Deixem-me agora descansar
Este demonio quer cair nas suas trevas uma vez mais...
Pois eu permaneço sozinho
E ainda assim
Continuo nao só...
Ainda me restam as memorias
Marcadas numa ultima petala negra...
Presa nas maos do demonio
Que gostava de ter um coração mais quente para la
A petala guardar e proteger...
A chuva continuou a cair
O ruido das gotas parecia tudo o que rugia naquele reino de gelo
Mas como veneno para os seus ouvidos
Tudo o que chegava
Era apenas
Silencio...
Akilo que me resta sempre no fim...
Deixa-me cobrir o meu destino negro
Deixa-me te aquecer querida petala...
Uma ultima vez
Pois tenho tanto frio...

De uns olhos negros que agora se fecham
Afogados pelo perfume da petala
Uma lagrima
Quebra-se como gelo
Quando nas cinzas daquelas ruinas
Cai...
E sobre um reino de gelo
Naquela noite
Tudo o que sobrou foi...
Silencio...
Sozinho mais uma vez
assim caminho condenado
assim permanecerei...
o demonio que tentou ser um anjo...
por favor que
quando te fores embora
nao emitas nem um som... nao quebres a minha unica companhia
nao quebres
isto que resta pra mim
nao quebres o silencio...








By Miguel Freitas
24/03/07

Autor deste poema : Miguel Reis ~> Todos os direitos reservados 2012 ~> Se gostastes, partilha.

O poema Silêncio foi feito por Miguel Reis no dia sábado, março 24, 2007. Existe 0 Comentarios no poema Silêncio
 

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